terça-feira, 6 de outubro de 2009


Diabetes e Gravidez


Diabetes




O diabetes mellitus é, até hoje, considerada uma doença crônica. Isto significa que os recursos científicos vão até o controle da doença e não mais além. O diabetes é uma doença que até permite que seu portador tenha uma sobrevida cada vez maior, porém desde que os níveis de glicose no sangue sejam monitorados dia após dia. Tem relação com o caráter hereditário, porém não é uma doença transmissível. É uma doença que afeta homens e mulheres de todas as raças ou condições sociais, sendo já considerada uma epidemia pela Organização Mundial da Saúde.


Na verdade, existem duas classificações para o diabetes:

- Tipo I: É mais rara, surge tanto em crianças quanto em adultos. É controlável por meio de insulina. Neste caso, o pâncreas não fabrica mais insulina, por isso os portadores de diabetes tipo 1 são chamados de dependentes de insulina.

- Tipo II: surge na idade adulta, habitualmente não é necessário o controle por meio de insulina, mas é preciso tomar outros medicamentos. Este tipo de diabetes é chamado de não-dependente de insulina porque, neste caso, o pâncreas ainda fabrica insulina, mas em quantidade insuficiente, ou a ação do pâncreas não é satisfatória para quebrar a glicose, ou ambos os fatores ao mesmo tempo. Em geral, quando aparece, se deve à vida sedentária, aumento de peso, fatores hereditários (casos de diabetes na família).

Por quê o diabetes é controlado por meio de insulina? A Dra. Wilma Lucia de Moraes, médica clínica e anestesista, explica que isto acontece porque, originalmente, nosso corpo fabrica insulina no pâncreas como um mecanismo natural. A insulina tem a função de transformar a glicose sangüínea em energia, para que nosso corpo funcione adequadamente. Quando o pâncreas não dá conta do recado, não produzindo insulina suficiente, havendo uma taxa de glicose acima do normal (hiperglicemia), a pessoa desenvolve o diabetes e precisa tomar injeções diárias de insulina para quebrar a glicose.

Ambos os tipos de diabetes, se não tratados, podem evoluir para outras doenças, inclusive a cegueira. Mas, em geral, o tratamento permite ao indivíduo levar uma vida normal, principalmente se ele aliar a adequada alimentação ao exercício físico e a tranqüilidade e a expectativa positiva de vida.

Em mulheres, pode surgir um tipo de diabetes 'temporário' durante a gravidez, o chamado diabetes gestacional.

Diabetes Gestacional

Mulheres que não têm histórico de diabetes na família podem vir a desenvolver a doença, temporariamente, durante a gravidez. Segundo a Dra. Wilma, esse risco é maior quando a mulher ganha muito peso durante o período de gestação, mais ainda se for uma mulher de idade acima dos 35 anos.

A médica relata que a mulher, na gravidez, pode desenvolver novos hábitos de alimentação, ingerindo muita massa e doces, não fazendo nenhum tipo de ginástica ou exercício físico. É um tipo de diabetes que tende a regredir espontaneamente, mas mesmo assim requer cuidados porque pode afetar o bebê.

Um Caso de Diabetes na Gravidez

A Dra. Wilma conta que acompanhou alguns casos, entre eles o de uma mulher que havia tido seu primeiro filho, uma criança com mais de 4 kg de peso, que morreu dois dias depois do parto. Na ocasião, o diabetes não foi identificado ou tratado, o que levou ao óbito do bebê. Quando essa mulher engravidou novamente, esteve aos cuidados da Dra. Wilma que, com base na história da primeira gestação, fez os exames e aplicou os tratamentos necessários, modificando inclusive a alimentação. Por volta do oitavo mês, no entanto, a criança teve que ser retirada (quando já estava apta para a vida, embora prematura) e, desta vez, sobreviveu. A mulher teve outros dois filhos, que também sobreviveram.

Conforme o relato da médica, a criança vive, enquanto ainda no útero materno, em regime de alta glicemia. O excesso do açúcar no sangue da mãe faz com que tanto a mãe quanto a criança fiquem acima do peso ideal. O choque acontece quando, após o parto, o bebê entra em hipoglicemia, pois o ambiente uterino não está mais fornecendo glicose. Então ela vem a falecer, se não for retirada a tempo.

Causas, Sintomas e Efeitos

São várias as causas do diabetes gestacional, sem descartar o stress, que provoca alterações no sistema de defesas do organismo materno. Essas causas são o excessivo ganho de peso, alimentos doces em demasia, a falta de atividade, o fumo. No diabetes gestacional, alguns alimentos são proibidos e, se ingeridos, agravam ainda mais o quadro.

Os sintomas da mulher grávida variam muito de pessoa para pessoa, embora alguns possam ser comuns e mais visíveis, como o excessivo ganho de peso, inchaço, bulimia (comer demais). Ela também pode se queixar de vômitos incontroláveis, sua urina se modifica ou é abundante, visão turva (às vezes, necessitando de óculos temporariamente) e, em alguns casos, a mulher deve ser internada a intervalos regulares e monitorada em ambiente hospitalar.

A grávida deve prestar bastante atenção, pois seu estado de humor pode oscilar demasiadamente e com freqüência maior que a habitual. Isto acontece devido à estreita relação que existe entre os hormônios secretados e as emoções, segundo especialistas da Fundação Milton Erickson.

Vários fatores em conjunto, durante a gravidez, podem então fazer com que a glicose não seja utilizada adequadamente e, neste caso, ela se acumula no sangue, sendo o excesso eliminado através da urina. A falta ou a não-ação da insulina impede o organismo de aproveitar as proteínas, as gorduras e os hidratos de carbono, fontes de energia do organismo.

Exames e Tratamento

- Controle da urina e do sangue através de testes específicos (por exemplo, o teste de glicemia, que é a quantidade de açúcar no sangue), controle sistemático de peso, acompanhamento pré-natal intensificado, relata a Dra. Wilma. Todo e qualquer medicamento que a grávida necessita tomar deve ser indicado e acompanhado pelo médico.

- No diabetes gestacional, como nos outros tipos de diabetes, é importante saber que a maior parte do tratamento deve ser feita pelo paciente, e não pelo médico. Este apenas tem o papel de educar a grávida para que ela se auto-regule, além de oferecer todas as informações para garantir que ela saiba como conduzir a gravidez.

- Se a mulher não tem histórico de diabetes na família, a melhor forma de evitar a doença durante a gravidez é através da alimentação. Uma vez constatado o diabetes, convém, além dos cuidados médicos, seguir orientação de um nutricionista.

Dicas

· A mulher que tem propensão maior ao diabetes deve confiar seu pré-natal a um médico que esteja disponível e acessível para dar orientação, inclusive por telefone, pois ela pode precisar dele a qualquer momento.

· Exercícios de relaxamento contribuem muito para prevenir e controlar a atuação do sistema imunológico. Em circunstâncias ideais, o sistema imunológico confere ao organismo todas as defesas contra as doenças, fortalecendo a mãe e o bebê.

· O diabetes gestacional é bem conhecido e tem tratamento definido, podendo dar à mãe e aos bebês maior qualidade de vida atualmente. Por isso mesmo, a grávida deve freqüentar grupos de diabetes, ler e acompanhar artigos sobre a doença e procurar, ela mesma, estabelecer um controle adequado, não esperando que seu instrutor (o médico) dirija o carro para ela.

· Evitar filmes pesados e tristes, evitar ouvir histórias de outras mulheres com final trágico, pesar todos os conselhos caseiros que recebe vão trazer um enorme ganho emocional para a grávida, que pode ajudar no controle do diabetes.

· Ao fim da gestação, fazer exames e controles, pois o diabetes tende a desaparecer, neste caso, assim como veio. A expectativa positiva de cura é fundamental e a futura mãe precisa saber que ela tem direito - e obrigação - de ser saudável e feliz, para conduzir bem a própria vida e mais a do pequeno ser que está vindo ao mundo.

Fontes: Dra. Helena P.S.Leite, médica, "Fatores de Risco Durante a Gravidez".

Dra. Wilma Lúcia Moraes, médica clínica e anestesista, Centro de Perícias do INSS - SP.

A Calcificação Aórtica Aumenta o Risco de Infarto do Miocárdio?


Geralmente, a deposição de cálcio nas artérias ocorre em locais previamente lesados, como em placas de aterosclerose (lesões produzidas pelo acúmulo de colesterol seguida de uma reação inflamatória local específica) ou em trombos, locais onde houve uma ativação da cascata de coagulação ocorrendo após exposição das placas de aterosclerose perante a ruptura da membrana interna das mesmas. Sabe-se cada vez mais da intensa relação da aterosclerose com o infarto cardíaco devido à diminuição do diâmetro dos vasos e assim da oferta de oxigênio ao coração. No entanto, sabe-se também, que a maioria das pessoas irão desenvolver placas de aterosclerose no leito vascular, mas como há vários graus de lesão, somente aquelas mais graves serão responsáveis pelos eventos cardíacos. A deposição de cálcio no leito vascular pode ocorrer em lesões tanto graves quanto leves. Não é rara a visualização, à radiografia de tórax, de áreas de calcificação no arco aórtico - artéria mais calibrosa do corpo humano, sendo a via de saída de cerca de 80% do sangue bombeado pelo coração. Tal fato ocorre especialmente em pessoas acima dos 65 anos. Apesar desse achado ter sido considerado "normal para a idade", perguntas têm sido feitas se o mesmo pode estar relacionado com um risco maior de eventos vasculares como infarto cardíaco, derrame cerebral e obstruções arteriais periféricas (por exemplo nos membros inferiores).